Houve um tempo em que a Igreja e o Estado eram um só. O tempo do Padroado. Um acordo com o Papa concedia prerrogativas ao rei de Portugal decidir sobre os assuntos religiosos nas colônias, entre eles a escolha de cargos religiosos, a nomeação dos párocos, a cobrança do dízimo, o pagamento dos sacerdotes e, a construção e manutenção das igrejas. Vivemos neste regime por quase quatro séculos. Da chegada de Cabral até a Proclamação da República.
Outro direito conferido pelo Padroado era permitir e estimular a instalação de irmandades religiosas. As irmandades eram entidades organizadas através de um estatuto e composta por leigos, tendo o objetivo maior promover o culto a um santo. Elas também acabaram exercendo um importante papel na vida das localidades assumindo o papel destinado à Coroa ao construir e manter as igrejas, além de diversas ações sociais.
Em Catas Altas da Noruega, as irmandades apareceram no início do século XVIII juntamente com o povoamento originado em torno dos garimpos de ouro. Pessoas de toda parte trazendo consigo sua devoção. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário surgiu em 1743, a da Santíssima Trindade e Nossa Senhora dos Remédios no Jequitibá e a de São Gonçalo na sede, ambas constituídas em 1755. Temos ainda naquele período, a Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
No decorrer do processo de restauração da Igreja Matriz São Gonçalo do Amarante evidencia-se o papel das primeiras irmandades, tanto na arquitetura dos altares quanto na construção de nosso espaço urbano à medida que construíam suas próprias igrejas e capelas. Estes episódios, ao mesmo tempo, justificam as mudanças nas denominações dos altares e que hoje retornam à devoção original.
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